Novos paradigmas
Os profissionais de saúde independentes são uma classe em perigo de extinção. Grandes empresas e grupos de empresários organizados descobriram há já alguns anos que existem oportunidades de negócio muito relevantes na área da saúde. A expressão certa agora parece ser, mercado da saúde.
É verdade que qualquer organização precisa de ter financiamento para operar e cumprir o seu propósito. Durante décadas promoveu-se o Sistema Nacional de Saúde e a rede de hospitais e centros de saúde foi garante de progressos assinaláveis que melhoraram a qualidade de vida e a longevidade dos Portugueses. A par disso, as farmácias comunitárias modernizaram-se e prosperaram, assim como clínicas médicas generalistas ou de especialidades que asseguravam o acesso rápido a informação fiável e cuidados adequados.
Mas na sociedade actual tudo está condicionado pelo lucro. Não apenas pela sustentabilidade, mas pelos dividendos que os hospitais, clínicas médicas e farmácias libertam para os seus acionistas ou proprietários. E isso não seria muito mau se não estivéssemos a assistir a uma verdadeira corrida do ouro onde entidades estranhas tudo fazem para comprar os negócios que, em muitos casos, demoraram mais do que uma geração a construir. E com a agravante de que estas entidades estranhas não são médicos, nem farmacêuticos nem outros especialistas em cuidados de saúde.
Esta inversão de posições de liderança tem consequências. Para além de perderem autonomia nas decisões e de se tornarem meros funcionários destas novas empresas, vêem os hospitais, as suas clínicas e farmácias perder a aura da humanidade e assumir um posicionamento de marketing.
A única forma de resistir a esta investida e de salvaguardar o prestígio das profissões médica e farmacêutica é ter uma estratégia e enfrentar a concorrência.